É inegável que, atualmente, é praticamente impossível viver sem energia. Utilizamos energia em muitos aspectos de nossas vidas, como em nossas residências, para nos locomover, nos produtos que consumimos, já que esses necessitam, em sua produção, de energia (para transformação de materiais) e no comércio. Como pode ser observado no gráfico, desde 1800 o consumo de energia vem aumentando constantemente.
A partir disso, é interessante entender as principais fontes de energia atualmente. Uma das fontes de energia, que ainda é muito utilizada, mesmo com todos os problemas que causa ao meio ambiente é o carvão. Ele começou a ser utilizado durante a Primeira Revolução Industrial, com a introdução da máquina-ferramenta, que permitiu a superação dos limites orgânicos e aumento de produtividade do trabalhador.
Essa introdução começou por conta da busca por maior produtividade na Inglaterra, que procurava novas formas de energia (substituindo os animais pelo vapor). O processo de industrialização ocorreu como um ciclo. Enquanto aumentava a indústria têxtil (pioneira), aumentava também a urbanização, que por consequência fazia com que a construção civil e a necessidade de carvão nos centros aumentassem, ampliando a quantidade de metalúrgicas (instauração de ferrovias para transporte do carvão).
Além do carvão, é interessante notar do gráfico “consumo de energia por fonte (EJ)” que o petróleo é de suma importância para a produção de energia mundial. Desde sua descoberta, o petróleo tem sido uma verdadeira “mina de ouro”. Ao redor do mundo, a maioria dos países, durante muito tempo, fez diversos investimentos para tentar descobrir mais reservas desse bem tão precioso para a humanidade (e, ao mesmo tempo, tão destruidor).
Por fim, o gás natural tem se tornado cada vez mais importante no consumo de energia mundial. A substituição das antigas fontes de energia, como o carvão e o petróleo, por fontes renováveis e pelo gás natural é uma das principais tendencias no mercado de energia. Esse artigo abordará essencialmente essas três fontes de energia (carvão, petróleo e gás natural), essenciais para a humanidade.
Carvão
Para iniciarmos, é interessante informar que o carvão mineral se origina da decomposição de matéria orgânica que ao ser depositada, soterrada e compactada, sofre a ação de bactérias e sob condições específicas de pressão e temperatura, além do fator tempo, teremos de pôr fim a origem de um material geralmente preto, leve e de fácil fragmentação.
Este é o carvão mineral. Ele é um suprimento de aproximadamente 250 milhões de anos. Para efeitos de comparação, o nosso planeta possui aproximadamente 4.5 bilhões de anos. Ele possui diversas possibilidades de uso, mas a principal delas é a sua queima para a produção de energia elétrica em usinas termelétricas e é utilizado como matéria-prima para fabricar aço nas empresas de siderurgia. Sendo assim, notoriamente uma das principais fontes de energia desde o começo das Revoluções Industriais.
O país que detém as maiores reservas de carvão é o EUA. Os americanos foram um dos grandes produtores durante o século passado, porém a produção caiu muito devido a troca da base energética dos EUA, que hoje é diversificada, além das leis ambientais mais rigorosas que foram colocadas em prática durante o governo Obama.
Essa redução na produção é responsável, por exemplo, por algumas das políticas propostas pelo presidente Donald Trump (que fez promessa de ajudar as mineradoras dos EUA), e da não assinatura do Acordo de Paris de 2015, praticando assim um maior protecionismo da economia (especialmente para o carvão) e fazendo com que, no curto prazo, a produção de carvão nos EUA aumentasse.
Como já é de conhecimento público, o carvão é uma fonte de energia muito barata e, ao mesmo tempo, extremamente ruim para o meio ambiente, se comparada com outras fontes disponíveis atualmente, como por exemplo, a energia solar, eólica e hidroelétrica. Hoje em dia o custo do carvão tem subido, principalmente devido à grande quantidade de leis ambientais que surgiram durante os últimos anos e aumentaram o controle com exigência de certificações e ações de contrapartida em favor do meio ambiente.
Petróleo
Histórico e preços
Apenas de citarmos as palavras petróleo e história juntos, você já deve ter se lembrado dos Estados Unidos, e da
OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo). Tanto políticas macroeconômicas dos EUA, quanto da OPEP, foram determinantes para os preços do petróleo durante diversos anos. Alguns exemplos das intervenções e fatos que alteraram drasticamente os preços, dos dois lados, são:
• Estatização de empresas privadas (ocidentais) no Oriente Média (começo da década de 1970);
• Apoio ao Estado de Israel (por parte dos EUA);
• Acordos de vendas de armas e artigos de luxo, de forma que o dinheiro utilizado na compra do petróleo pelos EUA, voltasse ao país a partir dessa venda (fim da década de 1970);
• Em 1980, a guerra entre Iraque e Kuwait, com apoio Americano aos atacados (Kuwait);
• Baixa produção por parte dos EUA, durante os anos de 2000, que aumentaram muito os preços;
• Aumentos e reduções na produção por parte da OPEP, de forma a “eliminar” concorrentes ou ter maiores ganhos. “O gráfico Produção de Petróleo (Mil toneladas) e share OPEP” mostra como a OPEP era um dos mais importantes produtores de petróleo do mundo, e o quanto há de volatilidade em sua produção.
O gráfico “Petróleo USD/BARRIO” demonstra bem o que todas essas intervenções fizeram com os preços do petróleo. Momentos de grande queda e de picos são mais comuns do que as empresas gostariam. A última grande queda nos preços ocorreu devido à pandemia do COVID-19, que fez com que, a demanda caísse tanto (medidas de contenção da maioria dos países) que alguns produtores pagassem para que o petróleo fosse vendido
(abril de 2020, de acordo com o Valor Econômico).
O petróleo, assim como outras tantas commodities, é negociado nas bolsas de valores ao redor do mundo. Há duas grandes referências para a precificação do petróleo, o BRENT e o WTI (sendo este último, onde o petróleo foi cotado à preços negativos no começo deste ano). As diferenças entre os dois podem ser mais bem explicadas a partir da tabela a seguir:
Produção
É praticamente impossível pensar nas economias produtoras de petróleo e não perceber o quão dependente algumas delas podem se tornar. Economias do Oriente Médio são o exemplo clássico disso.
De acordo com o
Observatory of economic complexity, a Arábia Saudita (maior produtora de petróleo do mundo), que possuía, em 2008, 80,9% de suas exportações concentradas no petróleo. Em 2018, as exportações da Arábia Saudita eram 62,7% vindas da exportação do petróleo. Apesar de continuar dependente, a Arábia Saudita parece começar a demonstrar algum interesse em diversificar sua economia, em especial com derivados do petróleo e produtos químicos.
Outro grande produtor e exportador de petróleo é a Rússia. Aqui temos um caso um pouco mais delicado. Enquanto a maioria das exportações de petróleo da Arábia Saudita é para a China e para os EUA, a Rússia tem como maior cliente e dependente a Europa (tanto em petróleo, quanto em gás natural). Essa dependência da Europa Ocidental é tanta que, diversos países europeus têm se juntado para criar alternativas e, de acordo com o
Financial Times, a Alemanha tem feito grandes esforços para criar um oleoduto entre a Europa e Turcomenistão, numa tentativa de reduzir essa dependência.
A economia da Rússia também já foi mais dependente do petróleo bruto. Em 2012, 38,2% das exportações eram dessa commoditie e, em 2018, 31,3% (dados do
Observatory of economic complexity). A redução da dependência do petróleo não provém de um aumento em investimentos estatais em outras áreas da economia (o que seria esperado), mas sim de investimentos no próprio petróleo, o que fez com que aumentasse a quantidade de exportação de petróleo refinado e dos derivados, além do aumento de exportação de outras commodities, como os produtos vegetais e os minerais.
Gás natural
De acordo com o Departamento de energia dos Estados Unidos, o Gás Natural é uma mistura gasosa de hidrocarbonetos, composto, em sua maioria, por metano (CH4). A grande maioria desse gás é considerada combustível fóssil. Ele é frequentemente encontrado dissolvido em óleo nas altas pressões, como uma “tampa” acima do óleo. Esse gás natural é conhecido como associado, e é considerado como a parte gasosa do petróleo, com alguns líquidos leves, como propano e butano.
O gás não associado é aquele encontrado sozinho, ou seja, onde não há petróleo líquido junto. Eles são comumente extraídos por perfurações, nos poços de petróleo e gás.
Existe também o gás natural renovável (GNR), conhecido como biometano. É um combustível de qualidade, produzido a partir de materiais orgânicos, como resíduos de aterro e gado, através da digestão aeróbica. De acordo com a AGA
(American Gas association), o GNR combina emissões de carbono de ciclo de vida baixo a negativo com alta densidade de energia, capacidade de armazenamento e transportabilidade do gás natural. Ele possui química idêntica ao gás natural fóssil e, portanto, possui as mesmas aplicações.
O gás natural tem como principais usos: a energia elétrica, o uso residencial, comercial, para transportes e o industrial, sendo que, de acordo com o EIA
(Energy Information Administration), em 2019, os dois principais usos do gás natural nos EUA são o industrial e em especial, o elétrico, uma vez que o gás natural é atualmente responsável por 42% da energia elétrica de todo o país, com crescente aumento, de acordo com o EIA.
O gás natural possui diversas vantagens sobre os outros combustíveis fósseis. De acordo com a AGA, o uso do gás natural pode ter os seguintes efeitos:
• Monóxido de carbono (CO): redução de 70 a 90%;
• Óxidos de nitrogênio (NOx): redução de 75 a 95%;
• Gás orgânico não metano (NMOG): redução de 50 a 75%;
• Dióxido de carbono (CO2): redução de 20 a 30%.
O “gráfico Emissões de CO2 do setor de energia no cenário de desenvolvimento sustentável, 2000-2040”, juntamente com o “Consumo de Gás Natural (EJ)” mostram como o gás natural, mesmo tendo um maior consumo nos últimos anos, tem menor emissão de poluentes que o carvão e que, mesmo que a tendência de utilização do gás aumente a cada dia, ele ainda será menos responsável pela emissão de CO2 na atmosfera que o carvão no futuro.
O gás natural renovável, especificamente, contribui com o meio ambiente por transformar o metano, que é um gás de efeito estufa muito poderoso, em uma fonte de energia super eficiente, que pode ter até 92% de eficiência energética e que reduz as emissões de poluentes, como mostrado acima.
Com todos esses benefícios, o consumo e a produção de gás natural têm aumentado constantemente, especialmente nos últimos anos. Mesmo que o gás natural seja uma descoberta antiga da humanidade, a dificuldade de transporte do gás fez com que seu uso fosse grande apenas nos últimos 100 anos (sendo que, de acordo com a
American Public Gas Association, o gás natural já era utilizado por chineses para esquentar água desde o século 500A.C.).
O gás natural começou a ser utilizado mesmo no século 20, com os dutos sendo construídos efetivamente nessa época. Hoje nos Estados Unidos, por exemplo, a rede de distribuição de gás natural é gigantesca, com dutos de gás natural por todo o país. Essa gigantesca rede de abastecimento é uma prova de como o consumo vêm aumentando, especialmente nos países da Ásia, Europa e América do Norte.