O mérito na Fórmula 1, na NBA e no mundo corporativo

Muitas pessoas decidem não entrar no mundo empresarial e optam por trabalhar em outras áreas, devido à fama de muitas organizações que deixam a competitividade extrema entre os colaboradores. Essa competitividade nas organizações tem muitas coisas em comum com a rivalidade vista nas corridas de Fórmula 1.

Porém, esse modelo meritocrático ao extremo têm estado em decadência dentro das organizações, sendo implantado um modelo mais colaborativo, sem que a meritocracia deixe de existir. Até que ponto a competitividade é saudável? Existem modelos a serem seguidos nos esportes?

Todos já ouvimos, pelo menos uma vez na vida, de alguém que estava trabalhando e esqueceu o notebook ligado quando foi ao banheiro e teve uma surpresa desagradável ao voltar. Ou mesmo aquelas frases maliciosas (testando o projeto ou caçoando de algum pequeno erro)
merito
que um colaborador diz ao chefe durante a apresentação de seu colega. Isso parece muito com o que ocorre nas pistas de Fórmula 1, quando um piloto força ultrapassagens/acidentes, mesmo que sejam manobras super perigosas, como ocorreu com o Senna e Prost entre 1989 e 1990, quando ambos causaram acidentes propositais um no outro, sendo o Prost em 1989, levando o campeonato, sendo o Senna em 1990, conquistando também o campeonato.
Ambos os acidentes ocorreram em Suzuka, no Japão, logo na primeira volta. Até que ponto a rivalidade é saudável nesses momentos? Não pareceu uma decisão inteligente os acidentes envolvendo Prost e Senna. Como também não parece saudável, tanto para a organização, quanto para os envolvidos, sabotar um companheiro no trabalho. As pessoas têm trajetórias diferentes, e parece que a competitividade, nesses casos, mais atrapalha do que ajuda.

Na fórmula 1, existe, além do campeonato entre pilotos, o campeonato entre as equipes, sendo que elas possuem “o ponto de partida” de lugares diferentes e, portanto, competem com carros diferentes. Já sabemos qual time será o grande competidor por vários anos seguidos, visto que ela é a que possui melhores engenheiros e o maior investimento para a construção dos carros. Tanto que, nos últimos 20 anos, em apenas uma situação, o piloto campeão não era da equipe vencedora do campeonato de construtores. É bem diferente do que ocorre, por exemplo, na NBA (National Basketball
Association), que todos os anos coloca novos talentos dentro da liga (via draft). Os piores times do ano anterior tem direito à escolher primeiro os novos talentos, sendo assim, há um ambiente sempre competitivo dentro da liga, já que, times que durante alguns anos não conseguem vencer, como o Golden State Warriors (GSW), que ficou entre 2000 e 2010 reconstruindo seu elenco com grandes promessas para o futuro e assim, pode se tornar uma grande equipe na década de 2010, tem a oportunidade, a partir do draft, de se manterem competitivas na liga, mantendo
promessas para o futuro
a meritocracia entre os times, e não tendo o dinheiro como sendo tão decisivo para a liga, como é na fórmula 1.

Em muitas ocasiões, é a competitividade e a meritocracia que fazem com que o ambiente, de uma forma geral, seja motivante e produtivo. Afinal, o próprio Goden State Warriors, que após o primeiro título da era 2010, trouxe Kevin Durant (outro grande jogador de basquete) para o time e, junto com o Stephen Curry, formaram um time incrível, no qual, os dois pareciam competir pelo melhor jogador em quadra. Essa competitividade foi tão boa que o GSW foi campeão mais duas vezes da NBA.

Competitividade e meritocracia não são coisas ruins, mas para que essas duas coisas existam, é necessário que todos os “competidores”, seja dentro de uma organização, seja no ambiente esportivo, possam sair do mesmo “ponto de partida” e, assim, terem as mesmas condições de chegada, já que a meritocracia, quando bem aplicada, traz maior poder de motivação, uma vez que promove pelo mérito, aumenta a produtividade dos que ali estão e premia pelo merecimento, seja por esforço, seja pela melhor estratégia aplicada. No mundo empresarial, já podemos observar isso em organizações mais colaborativas, nas quais, as metas não são apenas individuais, mas uma mistura entre as individuais e as coletivas, fazendo com que as equipes continuem sempre trabalhando intensamente conectadas.



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